Artigo
O impacto da Covid-19 na Pobreza e Desigualdade em Portugal, e o efeito mitigador das políticas de proteção
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1A crise provocada pela pandemia de Covid-19 resultou numa perda substancial de rendimentos para a população portuguesa. O rendimento mediano anual equivalente, ajustado à dimensão e composição do agregado familiar, caiu de 10.100 euros no cenário sem crise para 9.100 euros no cenário com crise. A perda de rendimento mediano anual simulada foi de 7%.
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2Em comparação com o cenário sem crise, 400.000 novos indivíduos caíram abaixo do limiar de pobreza, definido como 60% do rendimento mediano equivalente, aumentando a taxa de risco de pobreza em 25% como consequência da pandemia de Covid-19.
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3Considerando que a maior parte dos “perdedores” já se situava na metade inferior da distribuição de rendimento no cenário sem crise, a crise levou a um aumento da desigualdade: o rácio entre os percentis de rendimento 95 e 5 aumentou mais de 9%, quando são comparados os cenários com e sem crise.
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4A crise teve efeitos assimétricos. As classes baixa e média-baixa, a região do Algarve e as pessoas com escolaridade até ao nono ano foram os grupos mais afetados por esta crise, com perdas claramente acima da média nacional.
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5As políticas de proteção extraordinárias implementadas pelo Governo português em 2020 conseguiram atenuar parcialmente o aumento da pobreza e da desigualdade. Sem a sua implementação, o confinamento inicial de oito semanas teria produzido aproximadamente o mesmo impacto sobre a pobreza e a desigualdade que aquele calculado para um ano inteiro.
