Artigo

Saúde mental depois da infeção por Covid-19

Inês A. Trindade, Helena Pinto, Lara Palmeira, Sérgio Carvalho, Marco Pereira, CINEICC, University of Coimbra, Portugal;
Concurso para apoiar projetos de investigação sobre o impacto social da Covid-19 (LL20-3)

O presente estudo visa explorar as consequências sobre a saúde mental de 640 adultos Portugueses pertencentes a três grupos diferentes (sobreviventes da infeção por SARS-CoV-2, indivíduos que foram testados mas nunca com um resultado positivo, e indivíduos que nunca foram testados). Apesar de não terem sido identificadas diferenças entre os três grupos, os níveis de ansiedade e depressão observados foram mais elevados do que aqueles considerados normativos previamente à pandemia. Os resultados também revelaram que a existência de um historial psiquiátrico prévio poderá tornar as pessoas mais vulneráveis a ansiedade e depressão durante a pandemia Covid-19. Os sobreviventes da infeção por SARS-CoV-2 apresentaram preocupação com julgamentos negativos de outras pessoas relacionados com a infeção, e 42% apresentaram sintomas clinicamente significativos de Perturbação de Stress Pós-traumático (PTSD). Maiores níveis de flexibilidade psicológica associaram-se a melhores indicadores psicológicos.
Pontos-chave
  • 1
       De forma geral, cerca de 40% dos sobreviventes apresentaram preocupação com julgamentos negativos de outras pessoas pelo facto de terem sido infetados.
  • 2
       Com base no ponto de corte recomendado para populações médicas, 42% dos sobreviventes da infeção por SARS-CoV-2 apresentaram um possível caso de PTSD.
  • 3
       Todos os grupos analisados apresentaram níveis mais elevados de ansiedade e mais sintomas depressivos em relação aos valores normativos prévios à pandemia.
  • 4
       A existência de um historial psiquiátrico prévio pode aumentar o risco de ansiedade e depressão durante a pandemia Covid-19.
  • 5
       A flexibilidade psicológica associou-se significativamente a melhores indicadores psicológicos entre os sobreviventes da infeção por SARS-CoV-2.
  • 6
       O medo mais relevante dos indivíduos que não testaram positivo para o vírus SARS-CoV-2 foi ter complicações graves devido a uma possível infeção.

Cerca de 40% dos sobreviventes da infeção por SARS-CoV-2 apresentaram pelo menos alguns sentimentos de insegurança relacionados com a infeção pelo vírus SARS-CoV-2, a perceção de que outros poderão julgá-los negativamente por terem sido infetados, e sentimentos de isolamento pelo mesmo motivo.

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