Artigo
Por que não oferecemos a mesma ajuda a todas as vítimas de ‘cyberbullying’?
Raquel António, Rita Guerra e Carla Moleiro, Centro de Investigação e Intervenção Social, CIS-Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, Portugal;
Projeto selecionado no concurso para apoiar projetos de investigação sobre a realidade social dos jovens em Portugal (FP22-1)
O bullying raramente ocorre sem ter uma audiência e pode ser considerado um fenómeno grupal, mais do que um comportamento individual. A investigação existente mostra que o contacto prévio entre os diferentes grupos sociais aumenta as intenções de ajuda por parte de quem observa episódios de bullying . No entanto, sabemos menos acerca dos potenciais efeitos positivos de fatores intergrupais no comportamento de pessoas que assistem a episódios de cyberbullying que ocorrem devido à pertença a determinados grupos sociais.
O inquérito online realizado com 4.507 jovens portugueses no âmbito do projeto TURN_ON HELP, cujo objetivo é perceber o cyberbullying dirigido a diferentes grupos minoritários, designadamente a jovens LGBTI+ e a jovens Negros, demonstrou que a resposta das pessoas que assistiram a estes incidentes variava em função do alvo do cyberbullying, e que era prestada menos ajuda a uma pessoa jovem LGBTI+ que é alvo de cyberbullying do que a uma pessoa Negra que seja alvo do mesmo tipo de comportamento.
Esta investigação pode contribuir para o desenvolvimento de abordagens teóricas que visam compreender o que promove a intenção de ajuda de pessoas que assistem a episódios de cyberbullying que ocorrem com base em preconceitos, e também para o desenvolvimento de intervenções específicas visando a promoção de comportamentos de ajuda entre as pessoas jovens.
O inquérito online realizado com 4.507 jovens portugueses no âmbito do projeto TURN_ON HELP, cujo objetivo é perceber o cyberbullying dirigido a diferentes grupos minoritários, designadamente a jovens LGBTI+ e a jovens Negros, demonstrou que a resposta das pessoas que assistiram a estes incidentes variava em função do alvo do cyberbullying, e que era prestada menos ajuda a uma pessoa jovem LGBTI+ que é alvo de cyberbullying do que a uma pessoa Negra que seja alvo do mesmo tipo de comportamento.
Esta investigação pode contribuir para o desenvolvimento de abordagens teóricas que visam compreender o que promove a intenção de ajuda de pessoas que assistem a episódios de cyberbullying que ocorrem com base em preconceitos, e também para o desenvolvimento de intervenções específicas visando a promoção de comportamentos de ajuda entre as pessoas jovens.
Pontos-chave
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1Nos últimos seis meses, 18% das pessoas participantes declararam ter experienciado cyberbullying. A experiência de cyberbullying foi mais comum entre jovens autoidentificados como mulheres, Transgénero e de Género Diverso (TGGD), não-heterossexuais, pertencentes a uma minoria étnica e de estatuto socioeconómico mais baixo.
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2As pessoas participantes que observaram um episódio de cyberbullying dirigido a uma pessoa jovem LGBTI+ revelaram menos intenções de ajuda, menos empatia, menos adesão a normas de grupo positivas, menos identidades inclusivas, menos atitudes positivas e mais ansiedade intergrupal, comparativamente com as que observaram um episódio de cyberbullying dirigido a uma pessoa jovem Negra.
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3Ter amigos/as LGBTI+ e percecionar as pessoas heterossexuais e LGBTI+ como parte do mesmo grupo inclusivo esteve associado a mais intenções de ajuda através do aumento da empatia.
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4Ter amigos/as Negros/as e perceber as pessoas Brancas e Negras como parte do mesmo grupo inclusivo esteve associado a mais intenções de ajuda através do aumento da empatia e da adesão a normas de grupo positivas.