Artigo
Conhecimento para uma saúde em segurança em Portugal e Espanha
David L. Rodrigues; A. Catarina Carvalho; Diniz Lopes; Margarida V. Garrido; Richard O. de Visser; Rhonda N. Balzarini; Marília Prada;
Projeto selecionado no Concurso de Investigação Social 2020 (LCF/PR/SR20/52550001)
Os relatórios têm mostrado um declínio na utilização de preservativos e um aumento das infeções sexualmente transmissíveis (IST) em todo o mundo. Por exemplo, houve um número crescente de adolescentes em Portugal e Espanha que não utilizou preservativos de forma consistente entre 2002 (10%) e 2018 (20%), e em 2019 as taxas de IST na Europa aumentaram 40%, em média, desde 2015. Isto indica que muitas pessoas não possuem os conhecimentos adequados ou não adotam regularmente comportamentos de saúde sexual, aumentando assim o risco de consequências negativas para a saúde. Este artigo analisa a forma como estar motivado pela prevenção de doenças (“segurança”) ou pela promoção do prazer (“prazer”) molda a forma como as pessoas compreendem a saúde sexual e procuram alcançar os seus objetivos sexuais. As pessoas que participaram no estudo foram classificadas em cada um dos grupos com base nas suas respostas à Escala de Foco Regulatório em Sexualidade (364 pessoas focadas na segurança; 378 pessoas focadas no prazer) e foi-lhes pedido que respondessem a uma série de perguntas relativas ao seu conhecimento sobre 13 IST, comportamentos de testagem prévios, utilização de métodos contracetivos e crenças sobre preservativos. Os resultados demonstram a importância das motivações individuais na sexualidade para a modulação das diversas facetas da saúde sexual. Esta investigação pode ajudar a informar o desenvolvimento de novas perspetivas teóricas, intervenções baseadas em provas, ou programas de educação que visem aumentar a literacia sobre saúde sexual para ajudarem a reduzir esta preocupação em matéria de saúde pública em Portugal e Espanha.
Pontos-chave
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1As pessoas não tinham conhecimentos específicos sobre cerca de metade das IST que lhes foram apresentadas e nunca tinham sido testadas para a maioria das IST. Os cuidados primários foram o local mais comum para fazer os testes. Mais de metade das pessoas usava preservativos como método contracetivo.
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2As duas razões mais frequentes para a utilização de preservativos foram a consciência do risco e as preocupações de segurança. As duas razões mais frequentes atribuídas ao sexo sem preservativo foram a falta de controlo comportamental e a falta de risco de infeção.
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3Quando foi pedido às pessoas que nomeassem atributos dos preservativos, 46% das menções foram sobre a capacidade dos preservativos para impedirem problemas de saúde, e 27% das menções focaram-se na capacidade de impedirem gravidezes não desejadas.
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4As pessoas focadas na segurança apenas tinham ouvido falar (em comparação com ter conhecimentos específicos ou nunca ter ouvido falar) de 53% das IST (contra 48% das pessoas focadas no prazer). Uma percentagem maior das pessoas focadas na segurança usava preservativos como método contracetivo uma percentagem maior das menções envolveu as preocupações de segurança e o controlo comportamental como razões que facilitam a utilização de preservativos noutras pessoas, uma falta de educação sexual como uma razão para encorajar o sexo sem preservativo, e a capacidade dos preservativos para protegerem a saúde como um atributo dos preservativos.
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5As pessoas focadas no prazer tinham conhecimentos específicos sobre cerca de 25% das IST (em comparação com 19% no grupo focado na segurança) e tinham sido testadas a cerca de 23% (em comparação com 14%). Uma percentagem maior destas pessoas tinha sido testada a IST, quer nos cuidados primários ou em clínicas gratuitas e usavam a pílula anticoncecional. Uma maior percentagem das menções neste grupo envolvia a consciência do risco como uma razão que facilita a utilização de preservativos, os encontros inesperados e as sensações físicas como razões que facilitam o sexo sem preservativo, e a tendência do preservativo para inibir o prazer.