Artigo
A educação e o seu impacto nas oportunidades da população jovem
Lígia Ferro, Universidade do Porto; Pedro Abrantes, Universidade Aberta e ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa;
A partir da aplicação de dois indicadores-chave (o abandono escolar precoce e os níveis de escolaridade obtidos pelos jovens) interpreta-se a evolução dos percursos educativos dos jovens em Portugal e Espanha. Com base em dados comparativos do Eurostat e da OCDE, os gráficos permitem examinar o impacto dos níveis de escolaridade obtidos, tanto nas oportunidades de emprego da população jovem adulta em Portugal e Espanha, como na sua participação na vida social, comunitária, cultural, desportiva e artística. Para além disso, coloca o foco na importância contínua da educação como elevador social, não só no âmbito do emprego, mas também noutras áreas da sociedade.
Pontos-chave
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1A evolução nos últimos vinte anos da proporção de jovens entre os 18 e os 24 anos que não concluíram o ensino secundário superior foi positiva, mas a ritmos muito diferentes: lenta a nível europeu, moderada em Espanha e elevada em Portugal.
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2Ao fazermos uma análise mais aprofundada do nível de escolaridade da população jovem adulta com idades compreendidas entre os 25 e os 29 anos, podemos verificar progressos muito positivos registados em Portugal e em Espanha. Apesar destes progressos, ambos os países caracterizam-se por um alto número de jovens com um nível de escolaridade mais elevado e também de jovens com um nível de escolaridade básico, o que coloca riscos de segregação e polarização social.
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3As pessoas com estudos de nível superior continuam a apresentar taxas de emprego mais elevadas do que as que possuem apenas um diploma do ensino secundário. Nas últimas duas décadas, as taxas de emprego da população jovem diminuíram em Portugal e aumentaram em Espanha, mas a desigualdade entre jovens altamente qualificados e pouco qualificados aumentou em ambos os países.
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4A participação social dos jovens é muito mais elevada nas atividades culturais e desportivas, bem como nas relações familiares e de amizade, com níveis relativamente baixos de participação cidadã e de práticas artísticas. Estes padrões são comuns em toda a Europa, mas são especialmente pronunciados em Portugal e Espanha.