Artigo
«BlindGame»: As atividades de jogo de azar ‘online’ dos jovens portugueses
Ana Rita Farias, Universidade Lusófona, HEI-Lab: Laboratórios Digitais de Ambientes e Interações Humanas; Ana Cristina Antunes, Escola Superior de Comunicação Social (ESCS), Instituto Politécnico de Lisboa;
Projeto selecionado no concurso para apoiar projetos de investigação sobre a realidade social dos jovens (FP22-1B)
Os jogos de azar (jogos a dinheiro) têm alcançado grande adesão e popularidade junto da população portuguesa. Se o perfil de jogadores e a prevalência na população são já conhecidos, as recentes evoluções e múltiplas ofertas e modalidades de apostas a dinheiro nas plataformas digitais têm vindo a reconfigurar comportamentos e a conquistar novos adeptos. Tratando-se de uma realidade recente e em mutação, os comportamentos de jogo a dinheiro online não estão ainda devidamente cartografados no contexto português. Nesse sentido, este estudo pretendeu examinar este fenómeno, baseado numa amostra de 2.028 jovens entre os 15 e os 34 anos, residentes em Portugal. Os resultados indicam uma prevalência significativa destes comportamentos, que dependem do género e da idade. Com efeito, a prevalência diminui à medida que a idade avança, com os homens a adotarem e a envolverem-se mais nestes jogos a dinheiro online, enquanto as mulheres apostam mais offline. A frequência com que estes jovens apostam a dinheiro online é tendencialmente baixa a moderada, os seus gastos são maioritariamente controlados e as apostas desportivas são as mais populares. Ainda assim, o mapeamento efetuado sugere a existência de motivos de preocupação para os pais, educadores e decisores públicos.
Pontos-chave
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1Há uma prevalência significativa de comportamentos ligados aos jogos de azar entre os jovens portugueses: 68% da amostra afirma já ter apostado em alguma forma de jogo a dinheiro, sendo que 93% destes responderam que já o tinham feito offline e 42% online.
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2Os resultados mostram diferenças na participação em jogos de azar offline e online conforme o género e a faixa etária. As mulheres preferem fazer apostas a dinheiro offline, enquanto os homens se inclinam para jogos de azar online. Os participantes entre os 25 e os 34 anos apostam mais offline, e os de 15 a 24 anos apresentam um maior envolvimento online.
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3A maioria dos entrevistados apostadores apresenta uma frequência de jogo online baixa a moderada, porém uma parcela considerável (33,9%) já se envolveu em 41 ou mais ocasiões neste tipo de atividade ao longo da vida.
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4A maioria dos apostadores online (59%) despende mensalmente 20 euros ou menos. No entanto, uma pequena parcela (7,3%) gasta mais de 101 euros por mês, e 1,8% gasta 250 euros ou mais.
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5As apostas desportivas são as mais frequentes entre os apostadores online.