Beth Breeze, Centro de Filantropia da Universidade de Kent; Maria Gutiérrez-Domènech, Observatório Social da Fundação ”la Caixa”;
Neste relatório, iremos explorar a filantropia em Espanha e em Portugal, colocando o foco no conhecimento, nas atitudes sociais e nos comportamentos filantrópicos em ambas as sociedades. A primeira parte deste relatório oferece uma visão panorâmica sobre a questão da filantropia: o que é, quem está envolvido, como mudou ao longo do tempo, como se relaciona com o governo e as empresas, qual é a contribuição e o papel diferencial desempenhado pela filantropia, e quais são os seus pontos fracos? Nesta parte, iremos abordar como a filantropia desempenha um papel único na satisfação de necessidades que não são, ou ainda não são, satisfeitas pelo Estado, ou pelo mercado, e que permite aos doadores partilhar os seus recursos excedentários para o bem comum, para melhorar a sociedade e a forma de atuar, e exprimir solidariedade para com os seus concidadãos. Tendo observado que dar dinheiro, fazer voluntariado e ajudar pessoas desconhecidas são atividades comuns em todo o mundo, mas que existe uma escassez de dados robustos e atualizados sobre a filantropia em Espanha e Portugal, a segunda parte deste relatório apresenta os resultados de um inquérito recentemente realizado com as populações espanhola e portuguesa. Estes dados demonstram que os comportamentos filantrópicos são comuns e vistos de forma positiva, com algumas variações interessantes entre os dois países e entre pessoas de diferentes grupos etários, géneros e níveis de escolaridade. O relatório conclui com uma discussão sobre as implicações deste novo conhecimento para a compreensão pública e com cinco recomendações para promover a compreensão e o desenvolvimento futuro da filantropia em Espanha e Portugal.
Pontos-chave
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1As três palavras mais frequentemente utilizadas em Espanha e em Portugal para definir a filantropia foram ajuda, amor e humanidade.
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2Em Espanha, as três organizações filantrópicas mais citadas foram a Fundação ”la Caixa”, a Cruz Vermelha e a Cáritas; em Portugal, a UNICEF, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Cruz Vermelha.
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3Em ambos os países, a opinião sobre a filantropia é bastante favorável, se bem que haja certa desconfiança em relação aos filantropos. Os inquiridos preferem que o Governo seja responsável por satisfazer as necessidades da sociedade, em vez das instituições de solidariedade social.
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4O apoio a instituições de solidariedade social é comum: 39% dos inquiridos em Espanha e 43% em Portugal fizeram trabalho voluntário; 59% em Espanha e 65% em Portugal fizeram pelo menos um donativo no último ano.
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5A saúde é de longe a maior prioridade em ambos os países: três quartos dos inquiridos consideraram-na uma questão urgente. Isto está em sintonia com o facto de a saúde ser também a causa que recebe mais tempo e dinheiro.
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6Apesar de os inquiridos referirem um nível não muito elevado de solidariedade social, uma média de 6, os números reais relativos à participação numa variedade de atos pró-sociais revelam que as pessoas são mais filantrópicas na sua vida quotidiana do que pensam.
