Artigo
Olhar para além dos telemóveis para compreender o bem-estar dos jovens adultos portugueses
Tiago Lapa, Gustavo Cardoso, ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa; Charo Sádaba, Gonzalo Fernández-Duval, Javier García-Manglano, Grupo de investigación Jóvenes en Transición, ICS, Universidad de Navarra;
Investigação solicitada
No atual contexto da pandemia de COVID-19, tecnologias como os telemóveis são uma espada de dois gumes. Os resultados deste estudo mostram que, por um lado, a utilização problemática das tecnologias móveis está associada a níveis mais baixos de bem-estar entre os jovens adultos. Por outro lado, os jovens adultos portugueses acreditam que as tecnologias móveis foram essenciais para o seu bem-estar durante os confinamentos e perante as regras de distanciamento social desencadeadas pela pandemia. Mas a tecnologia é apenas uma parte da equação: o bem-estar dos jovens adultos também varia de acordo com o sexo, educação, ocupação, composição do agregado familiar, higiene do sono, satisfação com relações pessoais, realização no estudo ou no trabalho e utilização do tempo livre.
Pontos-chave
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1Mais de um quarto (26,7%) da amostra de jovens adultos portugueses tinha um bem estar baixo, em comparação com pouco menos de um terço (31,9%) que referiu um bem estar elevado.
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2Os níveis mais baixos de bem-estar foram encontrados entre as mulheres jovens, as pessoas desempregadas (as que não trabalham nem estudam), as que têm o ensino básico ou uma licenciatura, e as que viviam sem família.
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3Em média, as pessoas declararam que usavam o telemóvel durante 5 horas e 35 minutos por dia. Diariamente, também passavam em média duas horas e 27 minutos a comunicar por meio de mensagens; duas horas e 40 minutos a usar as redes sociais online (Instagram, TikTok e semelhantes); uma hora e 31 minutos a ver vídeos ou séries; e quase meia hora a jogar no telemóvel. As mulheres declararam que passavam mais meia hora por dia no telemóvel do que os homens.
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4Quando a utilização do telemóvel é problemática, a proporção das pessoas com um bem-estar pessoal elevado é inferior. 41,9% das pessoas que tinham uma utilização problemática do telemóvel apresentavam baixos níveis de bem-estar. Contudo, a maioria das pessoas (74,5%) indicou que os telemóveis tiveram bastante ou muita importância no seu bem-estar durante a pandemia.
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5Foram constatados níveis mais elevados de bem-estar entre os jovens adultos que declararam passar pelo menos algumas horas por semana em passatempos sem ecrã e em atividades físicas e também entre os que declararam dormir pelo menos oito horas por dia.
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6Foram observadas maiores proporções de indivíduos com níveis elevados de bem-estar entre as pessoas que estavam satisfeitas com as relações com a família e amigos e, sobretudo, com o seu desempenho académico ou laboral e a utilização do seu tempo livre.
