Artigo

Estão a desaparecer os empregos de nível médio? O mito da polarização do trabalho na Europa

Daniel Oesch, Universidade de Lausana, Suíça; Giorgio Piccitto, Universidade Bocconi de Milão, Itália;

Não há provas evidentes de polarização do trabalho na Europa. Ao contrário dos Estados Unidos, na Alemanha, Reino Unido, Espanha e Suécia os empregos considerados “bons”, ou seja, com salários acima da média, elevados requisitos educacionais e prestígio social, têm aumentado e os considerados “maus” têm reduzido.
Pontos-chave
  • 1
       No conjunto dos países europeus considerados, o emprego nas profissões da mais alta qualidade cresceu cerca de 10 pontos percentuais desde o início dos anos 90, quando representava quase 20% do emprego total, até 2015, quando atingiu os 30%.
  • 2
       A mudança no emprego em Espanha tem sido ainda mais espetacular. Em apenas 25 anos, o emprego nas profissões de maior qualidade quase duplicou, crescendo 15 pontos percentuais quando são levados em conta os salários, o nível de formação e o prestígio.
  • 3
       A investigação analisa a mudança na composição do emprego na Alemanha, Espanha, Suécia e Reino Unido, que exemplificam diferentes modelos de Estado de Bem-estar Social na Europa e agrupam a metade da população do continente.
Crescem os bons empregos e reduzem-se os maus
Crescem os bons empregos e reduzem-se os maus

Em apenas 25 anos, o emprego nas profissões de maior qualidade em Espanha praticamente dobrou, crescendo 15 pontos percentuais, quando são levados em conta os salários, o nível de formação ou o prestígio. Contudo, embora o padrão se repita (os empregos bons e médios crescem mais e os maus reduzem-se), a referida mudança é menos pronunciada quando o nível de satisfação profissional é analisado individualmente. Isto é compreensível considerando que Espanha é um dos países europeus com os mais baixos níveis de satisfação profissional, mesmo entre os trabalhadores que ocupam empregos bem remunerados ou com elevado prestígio profissional.

A qualidade do emprego vai além do salário

Um “bom emprego” está frequentemente associado a um emprego “bem pago”. No entanto, a qualidade do emprego é um fenómeno multidimensional que dificilmente pode ser reduzida só aos salários. Por isso, pretendemos fazer aqui uma abordagem mais ampla com quatro indicadores de qualidade do trabalho:

  1. O rendimento médio do emprego.
  2. O nível de formação.
  3. O prestígio profissional.
  4. A satisfação profissional dos trabalhadores.

Classificação

Etiquetas

Temáticas

Também pode ser do seu interesse

Portugal, Balanço Social 2021 - Um retrato do país e da pandemia

Artigo

Portugal, Balanço Social 2021 - Um retrato do país e da pandemia


Inclusão Social

“Portugal, Balanço Social” é um relatório anual que analisa a pobreza e exclusão social em Portugal.

Como é que as medidas de prevenção de covid-19 afetaram os profissionais das estruturas residenciais para pessoas idosas?

Artigo

Como é que as medidas de prevenção de covid-19 afetaram os profissionais das estruturas residenciais para pessoas idosas?


Inclusão Social

O impacto da pandemia de covid-19 nas estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI) foi investigado, mas sabe-se menos acerca do seu impacto nos profissionais de saúde.

A pandemia e o mercado de trabalho: o que sabemos um ano depois

Artigo

A pandemia e o mercado de trabalho: o que sabemos um ano depois


Inclusão Social

Após mais de um ano de pandemia, o emprego e o número de horas trabalhadas continuam abaixo dos níveis pré-pandemia. O presente estudo utiliza dados secundários do Inquérito às Forças de Trabalho, conduzido pelo INE, e dados de registos nos serviços públicos de emprego (Instituto do Emprego e Formação Profissional).